Novas Tecnologias na Cultura e no Trabalho

Atualmente, é bastante comum ouvirmos falar sobre tecnologias, pois elas já fazem parte das nossas vidas, então, questiona-se: você consegue imaginar sua vida sem o uso de computadores, smartphones, carros e eletrodomésticos?

Pode parecer fácil utilizar o termo tecnologia e associá-lo às atividades que desempenhamos no nosso cotidiano, mas você já parou para pensar em como as tecnologias surgiram ou quais as mais antigas que conhecemos?

Sendo assim, ao iniciarmos nossa discussão sobre o uso das novas tecnologias na educação, é importante nos recordarmos que elas estão relacionadas a todas as técnicas que nos ajudam a desenvolver nossas atividades e que estão diretamente ligadas à inovação, como a energia elétrica, as máquinas a vapor, o telefone etc. Ou seja, são descobertas que mudaram totalmente a forma como realizamos atividades cotidianas.

Porém, hoje, com o advento da internet e das tecnologias ligadas a ela, nossa sociedade tem vivenciado uma importante revolução que transformou nossas relações e nossa vida em sociedade, o que Castells (1996, p. 39) chama de Sociedade em Rede.

No fim do segundo milênio da Era Cristã, vários acontecimentos de importância histórica transformaram o cenário social da vida humana. Uma revolução tecnológica concentrada nas tecnologias da informação começou a remodelar a base material da sociedade em ritmo acelerado.

Para o autor, os computadores e as máquinas que surgiram nesse século, aliados ao uso da internet e também à globalização, impulsionaram economias de importantes países, que começaram a manter certa interdependência, possibilitando o surgimento de uma nova sociedade, que está interconectada, independente de barreiras físicas ou fronteiras geográficas. Com isso, houve um estreitamento das relações econômicas e financeiras entre as mais diversas nações, e isso possibilitou que conhecimento e informação sejam trocados entre as pessoas e nações, de forma a possibilitar o surgimento de uma nova configuração social, na qual estamos cada vez mais inseridos.

Percebemos, porém, que ainda é comum haver certa resistência quando novas tecnologias surgem e substituem a forma como as atividades são realizadas, conforme explica Lévy (1999, p. 9, grifo nosso):

O cúmulo da cegueira é atingido quando as antigas técnicas são declaradas culturais e impregnadas de valores, enquanto que as novas são denunciadas como bárbaras e contrárias à vida. Alguém que condena a informática não pensaria nunca em criticar a impressão e menos ainda a escrita. Isto porque a impressão e a escrita (que são técnicas!) o constituem em demasia para que ele pense em apontá-las como estrangeiras. Não percebe que sua maneira de pensar, de comunicar-se com seus semelhantes, e mesmo de acreditar em Deus são condicionadas por processos materiais.

O autor chama atenção para a necessidade de conhecer e compreender os benefícios que as novas técnicas oferecem antes de criticá-las ou, até mesmo, condená-las. Na citação, ele faz referência ao surgimento da informática, a qual veio de certa forma para aprimorar o processo de escrita, que jamais deixará de existir ou de ser utilizado para o processo de comunicação entre as pessoas.

Será que podemos considerar o surgimento da informática como um marco considerável para o advento de uma nova era? Então, é correto afirmar também que as tecnologias determinam a sociedade atual?

Para Castells (1996), a tecnologia determina a sociedade, e a sociedade escreve o curso da revolução tecnológica, pois esta depende de vários fatores, inclusive, da criatividade e da iniciativa empreendedora. Ele ressalta, ainda, que “o dilema do determinismo tecnológico é, provavelmente, um problema infundado, dado que a tecnologia é a sociedade e a sociedade não pode ser entendida ou representada sem suas ferramentas tecnológicas” (CASTELLS, 1996, p. 43).

Percebemos aí a forte ligação que existe entre tecnologia e a vida em sociedade, como afirma o autor, a vida em comunidade não existiria se não fossem os recursos tecnológicos desenvolvidos ao longo dos anos para contribuir com a maneira como as pessoas vivem e constroem suas relações, sejam elas sociais ou profissionais, por isso ele não vê motivos para dúvidas e dilemas relacionados a essa questão.

Mas se estamos vivendo em uma sociedade cada vez mais conectada, que é determinada pelo uso das tecnologias e na qual as relações estão cada vez mais próximas e agrupadas, onde se encaixa o “eu social” ou como deve se comportar o indivíduo que está inserido nessa sociedade em rede?

Sobre isso, vamos tratar no próximo tópico, vamos lá?

A Sociedade da Informação e o Trabalho

Segundo Bonilla (2009), o termo “sociedade da informação” vem sendo utilizado para caracterizar a época atual em que vivemos, referenciando as mudanças relacionadas às TICs, à economia, ao estilo de vida e a outros aspectos.

As definições citadas no infográfico ainda não tornam o conceito de sociedade da informação preciso. Tais conceitos destacam as TICs no cotidiano da sociedade moderna, mas são insuficientes para defini-las por completo.

Muitas são as interpretações sobre as inovações tecnológicas, criando-se diversos conceitos a respeito. Segundo Schaff (2011), as mudanças sociais que estão ocorrendo são definidas como “revolução técnico-científica”, tendo como um de seus desdobramentos a “segunda revolução técnico-industrial”, trazendo a microeletrônica como eixo principal. Para o autor, o desemprego foi uma das maiores consequências de tal “revolução”, as pessoas perderam seus empregos para a automatização industrial. Isso provocou um incremento da produtividade e da riqueza social e, ao mesmo tempo, a redução da demanda de trabalho humano.

Realmente, ao se incorporar novas tecnologias ao processo produtivo, tende-se a gerar uma maior valorização do capital, reduzindo o uso de material humano. Não quer dizer que a mão de obra humana seja substituída pelas máquinas, mesmo porque as máquinas são consideradas instrumentos de trabalho. Desprezar o trabalho humano faz com que o entendimento das mudanças históricas da época se torne sem sentido.

É fato que as novas tecnologias estão cada vez mais presentes na sociedade atual, mas isso não quer dizer que elas sejam o centro das relações sociais, mesmo que exerçam um forte impacto nessas relações.

A Internet

A internet, em seus vários desdobramentos quanto à disponibilização de recursos de interação entre indivíduos, tem apresentado um potencial significativo. Seus recursos facilitam a interação e a comunicação entre grupos heterogêneos, possibilitando, em tese, a manutenção das identidades culturais e dos valores éticos.

Atualmente, a Internet se configura não apenas como uma questão tecnológica, ela pode ser entendida como um importante fator cultural que influencia nas mudanças das formas de se relacionar e viver em sociedade.

Tratando-se dos meios de comunicação instantâneos, por exemplo, as redes sociais, blogs, Skype, e-mails e outros, a internet tem modificado significativamente esses meios de comunicação entre os indivíduos. Da mesma forma, a internet tem sido utilizada como meio de produção e disseminação de grandes quantidades de informação, por exemplo, bibliotecas digitais, livros disponíveis em rede e a própria Wikipédia, uma grande enciclopédia virtual. Utilizada de forma correta, a internet pode se configurar como uma importante ferramenta para o desenvolvimento pessoal e coletivo, proporcionando inúmeras contribuições para o trabalho, o ensino, o lazer e a cultura (VELOSO, 2012).

A Formação Profissional

Uma abordagem mais aprofundada da importância da inserção das TICs no trabalho durante a formação profissional é um fator que pode contribuir muito para a quebra da barreira que ainda existe para tal inserção.

Para fixar a inserção das TICs no ambiente de trabalho, subentende-se que, no processo de formação profissional, sejam abordados tanto os aspectos gerais do uso da tecnologia quanto os benefícios que as TICs podem agregar às profissões.

Alguns profissionais buscam qualificação por meio de cursos de informática básica voltados para os editores de texto, planilhas eletrônicas e outros aplicativos mais utilizados no cotidiano do trabalho. Em alguns casos, a qualificação se dá dentro da própria empresa e, até mesmo, por necessidade de aperfeiçoamento em virtude de mudanças nos sistemas operados pelos profissionais.

A grande demanda das atividades desenvolvidas no dia a dia dos profissionais fomenta a necessidade da inserção das TICs. É importante identificar as necessidades nos processos de trabalho para adequação das tecnologias apropriadas.

A importância da abordagem das TICs na formação profissional não quer dizer que tal conteúdo deva ter prioridade sobre os demais que contemplam a formação profissional nas diversas áreas. A tecnologia deve ser trabalhada em igualdade de relevância com as demais competências e habilidades que fazem parte do trabalho profissional, deixando bem claro que a tecnologia não é prioridade na autonomia do trabalho, no entanto, segundo Veloso (2012), é prioritária no projeto profissional, nos valores e nas referências fundamentais das profissões.

Sendo assim, a formação profissional preocupada com a abordagem das TICs pode contribuir para que seja tratada como conteúdo complementar na formação profissional, sendo útil, partindo do princípio que possibilita uma articulação das competências profissionais, não sendo, no processo de formação, o principal item.

Conforme Veloso (2012), a presença das TICs na formação profissional é uma condição de grande importância, embora não seja a única para que o processo de introdução das tecnologias no trabalho aconteça de forma rica e consistente. A abordagem das TICs na formação profissional pode tornar-se fundamental para que os profissionais possam desenvolver uma percepção criteriosa de tais tecnologias.

Considerações Finais

As tecnologias possibilitam que o trabalho colaborativo também se estenda a questões teóricas e práticas. Com a inserção das novas tecnologias em todos os âmbitos de nossas vidas, inclusive no trabalho, entendemos que uma das principais habilidades que o profissional deve ter atualmente é saber trabalhar de forma colaborativa, pois vivemos em uma sociedade totalmente conectada, na qual as informações tramitam de forma ágil e precisam ser trabalhadas da melhor forma, a fim de se tornarem dados a serem utilizados pelas pessoas e pelas organizações.